A situação de instabilidade no continente africano é o resultado de diversos fatores históricos, dentre os quais destacamos o(a):
segunda-feira, 29 de abril de 2013
A ação imperialista no continente africano foi responsável por várias situações de conflito entre as populações nativas. Um dos mais lamentáveis frutos desse tipo de intervenção se desenvolveu quando os belgas, no início do século XX, se instalaram na região de Ruanda. Ali temos a presença dos tutsis e hutus, duas etnias que há muito ocupavam a mesma região.
Do ponto de vista cultural, tutsis e hutus partilhavam de uma série de similaridades por falarem a mesma língua e seguirem um mesmo conjunto de tradições. Contudo, quando os belgas chegaram à região, observaram que estes dois grupos étnicos se diferenciavam por conta de algumas características físicas. Geralmente, os tutsis têm maior estatura, são esguios e tem um tom de pele mais claro.
Na perspectiva dos belgas, essas características eram suficientes para acreditarem que os hutus – mesmo sendo a maioria da população – seriam moralmente e intelectualmente inferiores aos tutsis. Dessa forma, os imperialistas criaram uma situação de ódio e exclusão socioeconômica entre os habitantes de Ruanda. A política distintiva dos belgas chegou ao ponto de registrar nas carteiras de identidade quem era tutsi e hutu.
Na década de 1960, seguindo o processo de descolonização do pós-Segunda Guerra, o território ruandês foi deixado pelos belgas. Em quase meio século de dominação, ódio entre as duas etnias transformara aquela região em uma bomba prestes a explodir. Cercados por uma série de problemas, a maioria hutu passou a atribuir todas as mazelas da nação à população tutsi.
Pressionados pelo revanchismo, os tutsis abandonaram o país e formaram imensos campos de refugiados em Uganda. Mesmo acuados, os tutsis e alguns hutus moderados se organizaram politicamente com o intuito de derrubar o governo do presidente Juvenal Habyarimana e retornar ao país. Com o passar do tempo, esta mobilização deu origem à Frente Patriótica Ruandense (FPR), liderada por Paul Kagame.
Na década de 1990, vários incidentes demarcavam a clara insustentabilidade da relação entre tutsis e hutus. No ano de 1993, um acordo de paz entre o governo e os membros do FPR não teve forças para resolver o conflito. O ponto alto dessa tensão ocorreu no dia 6 de abril de 1994, quando um atentado derrubou o avião que transportava o presidente Habyarimana. Imediatamente, a ação foi atribuída aos tutsis ligados ao FPR.
Na cidade de Kigali, capital da Ruanda, membros da guarda presidencial organizaram as primeiras perseguições contra os tutsis e hutus moderados que formavam o grupo de oposição política no país. Em pouco tempo, várias estações de rádio foram utilizadas para conclamar outros membros da população hutu a matarem os “responsáveis naturais” daquele atentado.
A propagação do ódio resultou na formação de uma milícia não oficial chamada Interahamwe, que significa “aqueles que atacam juntos”. Em pouco mais de três meses, uma terrível onda de violência tomou as ruas de Ruanda provocando a morte de 800 mil tutsis. O conflito contra as tropas governistas acabou sendo vencido pelos membros do FPR, que tentaram estabelecer um regime conciliatório.
Apesar dos esforços, a matança e a violência em Ruanda fizeram com que cerca de dois milhões de cidadãos fugissem para os campos de refugiados formados no Congo. Nesta região, o problema entre as etnias tutsi e hutu continuaram a se desenvolver em várias situações de conflito. O atual governo de Ruanda, liderado por tutsis, promoveu algumas invasões ao Congo em busca de alguns líderes radicais da etnia hutu.
Nos últimos anos, a prisão do guerrilheiro tutsi Laurent Nkunda e as experiências bem sucedidas nos campos de desmobilização vêm amenizando a convivência entre tutsis e hutus. Além disso, o presidente Paul Kagame anulou os antigos registros que diferenciavam a população por etnia. Em algumas cidades de pequeno porte, já é possível observar que os traumas do genocídio de 1994 estão sendo superados.
Posted on 18:57 by Ellen Neves
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Distinguem-se no Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário, tutsi. Desde a independência do país da Bélgica, os seus líderes foram sempre tutsis, num contexto de rivalidade étnica que se acentuou com o tempo, dada a escassez de terras e a fraca economia nacional, sustentada pela exportação de café.
ResponderExcluirEm um período de cem dias entre abril e junho de 1994, cerca de 800 mil pessoas foram mortas em Ruanda, no que ficou conhecido como o maior genocídio africano dos tempos modernos.Mesmo para um país conhecido por sua história turbulenta, a escala e a rapidez do genocídio chocaram o mundo.A maioria dos mortos era da etnia tutsi, e a maioria dos autores das mortes, da etnia hutu.O estopim do massacre foi a morte do presidente do país, Juvenal Habyarimana, um hutu, quando seu avião foi derrubado ao sobrevoar o aeroporto da capital, Kigali, no dia 6 de abril de 1994.Um juiz francês culpou o atual presidente de Ruanda, Paul Kagame, que na época era líder de um grupo rebelde tutsi, e alguns de seus parceiros pelo ataque ao avião.Kagame nega veementemente responsabilidade pela morte do ex-presidente e diz que o acidente foi provocado por extremistas hutus, de forma a criar um pretexto para colocar em ação planos de exterminar a comunidade tutsi.Quem quer que seja o responsável, o ataque deu início a uma explosão de violência que, poucas horas depois, se espalhou pela capital e por todo o país, e só começou a diminuir três meses depois.A morte do presidente, no entanto, não foi a única causa do genocídio.
ResponderExcluirpelo meu entendimento as etnias TUTSIS E HUTUS.O Conflito O conflito entre tutsis e hutus a é mais uma demonstração do efeito retardado da política colonial européia, no continente Africano. Até o início da colonização alemã na região, as etnias tutsi e hutu viviam em relativa harmonia, no território que hoje é ocupado por Ruanda e Burundi. ( Felipe e Joelson )
ResponderExcluirEsses conflitos começou quando houve a "colonização" europeia, os brancos com seus problemas raciais, encontraram um grupo étnico semelhante morfologicamente, com ponte nasal alto, e narizes estreito, e os hutus tinha a morfologia craniana do "verdadeiro negro", com o ponte nasal baixo, assim que os brancos sairão do País, colocou os tutsis que tinha mesma morfologia craniana dos brancos no poder, isso deixou a maioria(hutus) brabos, e começou os desentendimentos.
ResponderExcluirClaro com pesquisas cientificas apontando que os tutsi tem haplo grupo E1b1a (m2), isso sugerir que eles tem ponte nasal alto, não por miscigenação com brancos, e sim por ser africanos.
Lembrando tem africanos com cranio mongol, tanto Europeus e asiáticos, são descende de africanos, tanto que essas morfologia são algo comum em africanos, eles tem porque descende de africanos.